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Treinamento rumo as raízes de Okinawa

      Oss!

     Sabemos que há toda uma diferença do rumo que é dado ao estudo e treinamento do Karate-Do Shotokan Ryu no Japão e até mesmo de outros estilos que são ensinados no Japão, mas que também são ensinados em Okinawa. Analisando com mais calma e atenção tal tema, percebemos que assim como não há arte marcial melhor que outra, mas sim depende do grau de entendimento do adepto de sua arte ser mais profundo para que os resultados floresçam com mais eficiência diante de outros artistas marciais, assim podemos também entender, que depende do adepto o rumo dado por ele mesmo aos estudos individuais e particulares do Karate-Do que ele estuda.

    Partindo daí no seu caso, ou seja, no que diz respeito ao entendimento que você tem de uma visão geral do seu estilo e do Karate em si, tal diferença de modo de treino de Okinawa para o Japão, se limitará apenas a escola japonesa ou não a qual você é ligado, pois nada nem ninguém pode lhe impedir de buscar beber na fonte de treinamentos feitos em Okinawa. É muito difícil afirmarmos o que longinquamente era adotado nos primórdios de cada estilo desenvolvido na ilha Okinawa, mas podemos intuitivamente perceber o que tem lógica para nós e com mente aberta trazermos alguns desses estudos e treinos para a nossa prática no Karate-Do Shotokan Ryu.

Dificilmente eu ou você seremos aclamados e levados a sério no Japão dentro de determinadas escolas e linhagens pelo fato de sermos ocidentais, pois poucos se destacaram por lá e obtiveram profundo respeito e admiração por parte de grandes mestres japoneses.

 

   Partindo desta realidade que inicialmente nos frustra, pois todos que iniciam uma prática marcial, querem um determinado reconhecimento na linhagem a qual se ligou sem necessariamente estar ligada tal ânsia, a vaidade do indivíduo, mas sim, porque anseia fazer parte da estrutura da coisa.Uma vez assumido e aceito o papel de gaijin(estranjeiro), ao menos temos a consciência de que tivemos acesso a arte marcial que amamos, ou seja, o Karate-Do e com isso, nos cabe aprendermos tudo que pudermos com os mestres que temos ainda vivos sejam eles japoneses ou mesmo os brasileiros e ocidentais de modo geral, através de cursos, aulas e seminários, pois em termos de Karate, teremos a vida inteira pra aprendermos sem parar essa arte e morreremos sem tudo saber e com a sensação de que pouco aprendemos.

    Portanto penso que nessa solitária caminhada que é a jornada de aprendizagem de Karate-Do, aprendemos muito de Karate gradativamente uns com os outros e em várias oportunidades de observação desses grandes mestres, pois uma realidade se faz necessária termos em mente. Cada profissional desta arte marcial certamente poderá lhe dar algo novo e novos ângulos sobre as mesmas técnicas que você já viu, assim como lhe ensinar novas técnicas e recursos para a aplicação delas.

    Então assim conduzo meus estudos particulares os quais divido aqui com vocês e que não tem compromisso com a SKIF a qual sou filiado e sigo formalmente seu programa quando diante de um Sensei dessa escola. Hoje trago a reflexão e um vídeo que aborda o enrijecimento e preparação da musculatura e ossos do corpo para o combate, inspirado nos ensinamentos os quais hoje é mais possível encontrarmos na escola de Morio Higaonna Sensei do Goju Ryu, mas que já existia na China a séculos.

    Daí você me pergunta: Mas Goju Ryu? Sua proposta não é mostrar a rigor só as técnicas existentes no Shotokan Ryu e suas possibilidades de aplicações? Sim, mas quando falamos a respeito do que seja bom para o corpo de um adepto e principalmente de um profissional de Karate de um modo geral, penso que independente do estilo, alguns estudos e treinamentos, são válidos serem conhecidos e absorvidos pelo estudante de Karate de qualquer estilo. Até porque isso não violenta o estilo que você pratica, mas sim só soma, pois absorver conhecimentos gerais sempre acrescenta.

     Por isso hoje trago essa ótica deste treino efetuado em Okinawa ainda que um pouco suavizada, para que não haja exageros nesse tipo de treino para que não ocorram devido a erros, abandonos e críticas ao mesmo por uma falta de entendimento de como executa-los. São casos de exageros e má condução nesse tipo de treino, que causaram o afastamento do Makiwara dos Dojo no Brasil e ocidente, assim como porque não se vê incentivo a esse tipo de calejamento ou como no caso do exercício para o corpo proposto no vídeo, em escolas de Karate. Creio que se atualmente são aceitos determinados exercícios de calejamento por parte dos estudantes de Muay Thai, devemos incentivar esse aspecto no Karate-Do.

     Eu pessoalmente era o único da escola de onde vim, a exercitar isso e posso afirmar que vi resultados claros desses treinos quando em exercícios de Kumite, não sentia incômodos ou doloridos nos braços pós exercícios de Kumite, mas alguns colegas sentiam dores nos seus braços ao me atacarem. Tal como é mostrado no filme Kuro Obi quando o personagem de Akihito Yagi Sensei da escola Meibukan de Goju Ryu  na vida real e que no filme interpretou o personagem Giryu, ao defender os ataques dos adversários, já causava dor e incômodo em suas defesas e bloqueios, esse tipo de treino proposto no vídeo, também trás tal resultado.

 

     Aconselho o treino com cautela e  sem exageros, pois como disse, se fizer bem feito os resultados vem, mas se houver exagero e kime posto nesses exercícios, pode ser traumático e certamente você irá abandonar tal treino. Por isso sempre aviso como aviso neste vídeo, não coloque kime nesse tipo de exercício, mas sim coloque tais técnicas com força moderada e não total querendo efetuar a técnica com kime, pois isso não é saudável e não lhe trará bons resultados.

     Higaonna Sensei ao meu ver, pega muito mais pesado neste exercício e trás para si calos exagerados pelo braço como alguns chineses os tem em suas práticas antigas de determinados estilos de Kung Fu. No caso deles, vejo exagero, pois não cabe também viver com calos e machucados contínuos pelo corpo se dá para fazer dessa forma que faço.

Tendo responsabilidade com o próprio corpo, todos os treinos e estudos por mais antigos, estranhos, brutos e que  sejam chocantes para as gerações mais modernas ocidentais como já chocavam a minha geração e outras, são proveitosos no Karate-Do.

   Tudo demasiadamente é negativo e isso não foge a tal regra no Karate-Do. Um estudo de Kumite vale mais do que um Kumite executado semanalmente num Dojo, ferozmente. Isso não vai gerar bons frutos na sua saúde, pois como ensinou o próprio Gichin Funakoshi Sensei, “Não há arte marcial mais demoníaca que o Karate.” Portanto nos agredirmos ferozmente semanalmente é deixar amigos e a si mesmo desdentados, quebrados e com saúde abalada. Por isso assim como no Kumite podemos dar um ar de realidade sem destruirmos nossos companheiros de treino, assim com essa responsabilidade, podemos e devemos treinar esse exercício de enrijecimento e preparação do corpo no Karate-Do.

     Oss!

     Sensei Allan Franklin

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