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Sensei Masatoshi Nakayama
Nakayama Sensei foi discípulo direto de Gichin Funakoshi Sensei
Sensei Gozo Shioda  de Aikido
Shioda Sensei foi discípulo do fundador do Aikido Morihei Ueshiba por oito anos antes da segunda guerra mundial.

Oss!

 

 

      O que seria uma mente livre nas artes marciais? Dentro do meu entender sobre o assunto, ter a mente livre ou aberta, não é ver as artes como algo que não se deva respeitar a tradição e história da mesma, mesclando uma arte com outra ou mesmo criando nova arte marcial.

Como sempre falo, segundo meu mestre o Kyoshi Kung sempre disse, não há mais o que criar em termos de artes marciais, pois está tudo aí pronto, basta que venhamos a entender o que estudamos.

 

     Posso falar ao menos do que estudo, ou seja, o Karate-Do Shotokan Ryu e nele constato sua grandeza e dentro do histórico do desenvolvimento desta arte marcial, apesar de toda politicagem presente em seu universo como em todas as outras artes marciais e ambiente humano, houveram momentos de grande lucidez por parte de alguns mestres que se permitiram pensar fora da caixa.

 

     A observação mutua por parte dos artistas marciais é uma coisa que sempre existiu e por isso mesmo defender o que chamam de tradicional em realidade é delicado, pois o que hoje é tido como tradicional, é fruto do estudo dos mestres do passado que se permitiram pensar fora do que já existia e diante disso misturaram estilos de escolas diferentes ou mesmo a visão diferente da mesma arte, por parte de alguns mestres.

 

    Por isso bato sempre na tecla de que devemos sim observar, aprender e beber na fonte dos caminhos tradicionais sem necessariamente acabar com tais fundamentos, mas não devemos ser óbvios, pois por mais que a teoria da repetição até que cheguemos a perfeição dentro de um estilo ou arte seja uma realidade, isso não nos protege da observação de outros adeptos de outras escolas e estilos.

 

    Partindo desse pensamento, será mesmo que devemos deixar as artes marciais clássicas sendo vistas e observadas como algo tão genial e magnífico que não nos permita raciocinar dentro de tais caminhos e deixar que o nível de admiração pela arte que praticamos chegue ao patamar do sagrado inalcançado?

 

    É sobre isso que reflito bastante e escrevo geralmente, pois a realidade com relação ao que virá do Japão para nós referente as técnicas da arte que praticamos e isso também a respeito de todas elas, ou seja, Karate-Do, Aikido, Judo etc, não é como o filme "O campo dos sonhos" que uma voz dizia :

 

"Construa e ele virá"

 

Por mais que venhamos a construir nossos treinos dentro do que vemos como tradicional, sempre haverá um limite o qual os mestres asiáticos irão nos manter e não nos permitirão caminhar além daquele ponto.

 

    Isso se deve ao receio que os japoneses possuem de superação do homem ocidental dentro da técnica. Entendo o receio deles, mas como diz a famosa frase popular: "O pouco com Deus é muito e o muito sem Ele não é nada", todo o conhecimento que nos passam já é o suficiente para gerarmos boas dores de cabeça nos japoneses.

 

    Pouco chega para nós dos bastidores das grandes associações japonesas e toda política por trás. Há quem diga que no universo do Judo, ocorre o mesmo, ou seja, que existem coisas que não aprenderemos nós ocidentais sobre a ótica marcial dentro do Judo de forma alguma.

Vai ver que por isso mesmo a família Gracie e tantos outros mundo a fora não continuaram batendo continência para os mestres japoneses e fizeram seus próprios caminhos.

 

    Alguns veem como uma heresia tal atitude, outros como algo que segue o curso da vida. O importante acredito eu, seja não deturparmos o caminho que seguimos. Um exemplo disso para alguns Aikidoístas é o próprio Steven Seagal que coloca muita violência em seu Aikido e por isso mesmo, para alguns não representa o Aikido.

 

    Para alguns George Saint Pierre que atua no MMA e se diz representante do Kyokushinkai Karate, não seria um autêntico representante porque também mistura com outras artes e aplicações de outras artes marciais assim como o próprio Seagal com seu Aikido com técnicas de Karate Shito Ryu, Wing Chun, etc.

 

   Como eu dizia, pouco sabemos dos bastidores das grandes associações japonesas das diversas artes marciais. Com isso as vezes só sabemos das coisas se procurarmos bons artigos a respeito. E foi nessa busca por conhecimentos sobre artes marciais em geral, que fiquei sabendo de algo muito interessante ocorrido dentro da JKA( Associação japonesa de Karate) nos tempos ainda do falecido líder Masatoshi Nakayama e quando ainda estavam por lá grandes mestres como o mestre Hirokazu Kanazawa.

 

   Certa vez lendo o livro do mestre de Aikido Gozo Shioda como já comentei outras vezes, constatei um passagem onde ele narra a passagem dele dentro da JKA a pedido do antigo líder o mestre Masatoshi Nakayama. Segundo o mestre Shioda, o mestre Nakayama estava preocupado com o crescimento da qualidade técnica dos karatecas ocidentais dentro do ambiente do Karate esportivo e por isso perguntou ao mestre Gozo Shioda se ele podia lecionar por um tempo na JKA o Aikido para os seus instrutores, pois queria um resgate dos aspectos marciais.

 

    Shioda foi e de fato ficou muito satisfeito pela maneira a qual foi tratado lá dentro assim como por perceber que os instrutores da JKA que hoje inclusive são visto como lendas do Karate-Do Shotokan Ryu, estavam interessados em aprender e não se importavam se era Aikido e não Karate-Do.

Nesse processo ele disse que houveram alguns que mais se destacaram assim como o mestre Hirokazu Kanazawa que na época era ligado a JKA e hoje tem sua própria federação a SKIF.

 

   Segundo o mestre Shioda de Aikido, neste período o mestre Kanazawa foi o que mais se destacou nesses treinos e não demorou muito a se filiar ao Yoshinkan Dojo que era a escola de Aikido do mestre Gozo Shioda. Talvez por isso mesmo quando o meu mestre de Karate-Do o Kyoshi Kung quando estudou com o mestre Kanazawa por um mês aqui no Brasil, tenha dito que o tai-sabaki do mestre Kanazawa era impressionante.

 

    Com essa história quero deixar registrada aqui a lucidez do mestre Masatoshi Nakayama quando chamou o mestre Gozo Shioda para ensinar Aikido dentro de uma das maiores escolas tradicionais de Karate-Do Shotokan Ryu.

Acreditem que há quem critique Hirokazu Kanazawa e Tetsuhiko Asai por terem se desligado da JKA e terem fundado suas próprias escolas, mas esses também tiveram mente aberta e até onde sei, por terem deixado a JKA ainda com o mestre Masatoshi Nakayama vivo, sempre foram respeitados e considerados pelo mestre Nakayama. Contrariamente a isso, alguns dos que ficaram por lá até hoje, criticaram esses dois mestres de mente aberta.

 

   Sabe se que Masatoshi Nakayama também agiu de forma a contrariar seu mestre o fundador do Karate-Do Shotokan Ryu Gichin Funakoshi, pois assim que este morreu, Nakayama e outros que estavam na liderança dentro da hierarquia da arte, começaram com os aspectos esportivos os quais Gichin Funakoshi  não concordava assim como nenhum outro mestre de Karate de Okinawa.

 

   Portanto, vamos meditar mais profundamente o que é tradicional, o que é Budo e perceber que por vezes ter a mente aberta dentro de um sistema e caminho, quer dizer contrariar muitos do que não pensam assim e acreditam que suas artes são algo que deve ser tratado como sagrado. Nisso sim vejo erro, pois vejo congelamento e estagnação da arte marcial seja ela qual for.

 

             Oss!

 

             Sensei Allan Franklin

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