Durante toda a minha vida marcial nos estudos das mesmas, sempre acabava indo rumo a um raciocíneo diferente dos colegas de treino. Assim não foi diferente no caminho que tive a oportunidade de conhecer e mais me identifiquei, ou seja, dos estudos de Karate-Do.

E quando enxergamos da nossa forma e não do modo uniformizado que querem a maioria dos mestres de todas as artes tradicionais que venhamos a enxergar a arte que praticamos, acabamos nos sentindo deslocados ou o patinho feio da escola. Mas o mais interessante disso tudo é que todos os grandes mestres se muito chegaram longe, foi justamente porque pensaram diferente em algum ponto.

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Se hoje existem os estilos de Karate como Shotokan Ryu, Shito Ryu, Goju Ryu, Wado Ryu e tantos outros estilos que nasceram depois dos clássicos Shorin Ryu, Shuri-Te, Naha-Te e Tomari-Te  por exemplo que foram a base de tudo que veio depois, isso ocorreu por justamente todos os seus fundadores pensaram diferente ou por terem tido determinados pontos de vista particulares por algum motivo, diferente dos seus mestres.

Assim como no caso do próprio Shotokan Ryu esse processo foi normal.

 

*Gichin Funakoshi é considerado o pai do Karate moderno tão quanto Jigoro Kano foi considerado o pai do Jujutsu moderno ou seja, o Judo. Mas no caso do Shotokan Ryu especificamente, Yoshitaka Funakoshi filho do Sensei Gichin Funakoshi que foi quem levou conhecimentos de Shuri-Te aprendido por ele com seu primeiro mestre, o Sensei Azato e conhecimentos de Shorin Ryu que aprendeu com seu segundo mestre, o Sensei Anko Itosu e é a quem atribuem o título de fundador do estilo Shotokan ainda que o mesmo não tivesse tal intenção, foi o primeiro a fazer as primeiras modificações nos conhecimentos desses dois estilos que aprendeu com o pai Gichin Funakoshi. Sem contar o que acrescentaram a esse estilo tantos grandes mestres posteriormente!

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*Kenwa Mabuni o fundador do Shito Ryu estudou  Naha-Te com o grande Sensei Kanryu Higaonna e estudou Shorin Ryu com o mesmo segundo Sensei de Gichin Funakoshi, Anko Itosu e com isso, fundiu tais conhecimentos nascendo assim o Shito Ryu. Vale ressaltar aqui que sempre encontro indícios e cometários inclusive do próprio Sensei Gichin Funakoshi, registrando que Kenwa  Mabuni foi o maior conhecedor de Karate de seu tempo, ou seja, da geração de Gichin Funakoshi.

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*Chojum Miyagi o fundador do Goju Ryu foi discípulo do mesmo mestre de Naha-Te do fundador do Shito Ryu Kenwa Mabuni ou seja, o Sensei Kanryu Higaonna e este ao término dos ensinamentos de Naha-Te a Chojum Miyagi Sensei, indicou para estudar uma outra arte marcial que ele sabia paralelamente ao Naha-Te e que teria aprendido na China a qual encontramos na literatura sobre a história do Karate, como Kempo Chinês.
Daí Miyagi então foi para a China e aprendeu na província de Fukien na  região sul daquele país, onde o mestre Kanryu Higaonna também aprendeu tal estilo de Wushu(como são chamadas as artes marciais chinesas) e quando  Chojum Miyagi Sensei voltou, acabou nascendo o Goju Ryu.

Isso claramente denota que Chojum Miyagi Sensei, teve uma percepção própria dos mesmos conhecimentos que seu Sensei o Sensei Kanryu Higaonna tinha, pois caso contrário teria ensinado Naha-Te como seu mestre assim fazia. Portanto a partir que um novo nome nasce, algo diferente nasceu.

 

*Hironori Otsuka Sensei o fundador do Wado Ryu, foi discípulo de Gichin Funakoshi pai do Shotokan Ryu e já era um especialista em Jujutsu. Se fundou seu próprio estilo de Karate inclusive com a permissão do seu Sensei o Sensei Gichin Funakoshi e fundiu a elementos do seu Jujutsu ao Karate de Funakoshi, foi porque pensou também por si só!

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 Assim foi no Japão com o Judo de Jigoro Kano Sensei que estudou mais de um estilo de Jujutsu! E o mesmo ocorreu com o Sensei Morihei Ueshiba pai do Aikido que é um outro moderno Jujutsu assim como o Judo, sendo que por mais que Ueshiba Sensei tenha também estudado mais de um estilo de Jujutsu, o Aikido veio mesmo do Aikijujutsu claramente que também era mais um dos muitos estilos de Jujutsu e que foi o ultimo deles estudado por Ueshiba. Então o resumo disso me faz pensar que se cada arte dessa que nasceu não fossem diferentes do que já existia, por que novos nomes nasceram? E como são tradicionais? Por que tudo que vier depois ainda que não seja nada em essência mudado, mas que tenha uma expressão própria, já é considerado uma falta com o respeito com o tradicional ou coisa assim? Percebo nesse tipo de pensamento preconceituoso com o que veio depois, mais um intuito de controle da situação e das normas dentro da estrutura do ensino do Karate e das artes ditas tradicionais do que um real entendimento da importância da realidade a respeito da contribuição individual que é dada por cada um de nós ao que praticamos.

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E certamente nenhum deles mudou nada do que já existia e do que aprenderam para pior, apenas fizeram diferente segundo seus entendimentos, seus corpos e biotipos, baseados nas suas próprias experiências etc. 

O fato é que esses novos estilos são o que muitos chamam de estilos tradicionais de Karate. Mas se são tão novos tendo vindo de outros estilos mais antigos, por que são tradicionais?

Tudo, quando refletimos sobre o histórico das artes marciais que conhecemos hoje, se mostra claramente incerto para que ocorram tantos julgamentos mútuos e insultos no universo do Karate-Do, quando alguém fala uma virgula diferente do habitual ou do que a maioria pensa e quer considerar ser uma tradição imutável num desses estilos formais, pois quando alguém que se diz adepto originalmente de um desses estilos se referindo como tradicional querendo colocar num patamar quase que sagrado, julgando mal todo aquele que coloca sua expressão na prática de um desses estilos sem necessariamente mudar nada na essência, mas só acrescentando seu toque pessoal como ocorreu com Sensei Asai que não foi totalmente compreendido, esse alguém além de ficar preso estagnado no tempo com uma visão arcaica, se perde em pensamentos ilusórios os quais o prende numa falsa narrativa que o conduz a uma falácia.

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Quero dizer que todo e qualquer estilo e arte marcial, vai recebendo e captando influências e características na caminhada de sua transmissão  através de seus adeptos e novos mestres que vão se formando e com isso, de uma forma ou de outra, aquilo evolui sem necessariamente perder a essência do seu fundador.

Com tudo isso saiba que o Karate sempre vai ser o Karare se os seus fundamentos estiverem sendo executados a rigor. Assim como Masahiko Tanaka Sensei sempre teve uma expressão explosiva, rígida e forte, Asai Sensei sempre foi fluído assim como Kanazawa Sensei e os três eram Shotokan Ryu e tiveram a mesma origem!

Qualquer fluidez ou característica mais plástica que Asai Sensei e Kanazawa Sensei tenham posto cada um a seu jeito e exposto ao mundo durante suas vidas e carreiras como profissionais e mestres dessa arte marcial, tudo aquilo era Shotokan Ryu e nem Nakayama Sensei negava isso.

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Nakayama Sensei como um profundo conhecedor do Karate, sabia que isso fazia parte como ainda faz e sempre fará, do processo quero dizer, a auto expressão na arte que praticamos, pois quando isso não ocorre, não há mais uma arte marcial viva ali naquela escola ou tradição, mas sim apenas repetições de técnicas em execução e padrão já pré estabelecidos e sem vida. Ocorrendo isso o afastamento da realidade do combate real já existe e estaremos expostos a sermos lidos facilmente ao saberem qual é o estilo que praticamos, pois se o individuo sabe que somos adeptos do Shotokan, já sabe que tipo de ações e reações teremos e faremos, por isso é importante a individualidade no entendimento da arte e estilo que praticamos, pois o adversário não pode ter clara leitura do que fazemos nunca.

Menos julgamentos mútuos e mais atenção sobre a essência do Karate em combate é o que torço para que um dia ocorra no universo do Karate-Do. O Karate-Do Shotokan Ryu é maior que todos nós assim como todos os outros etsilos de Karate e artes marciais são maiores que nós em profundidade. Então não nos cabe limita-lo a uma única concepção do Karate  em ação.

 

Assim penso, acredito e vivo.

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Oss!

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Sensei Allan Franklin